quarta-feira, 7 de outubro de 2015

se eu pudesse fazer uma fogueira com todos os meus desejos
certamente queimaria por mais anos do que durará minha vida
os desejos que alimentam a fogueira, são os que me matam de certa maneira
na poesia o coração fala, o que os outros textos apenas sugerem
minha literatura cada vez mais cheia de técnica,
minha alma cada vez mais feeling...

enquanto o corpo adoece, minha mente cresce
se expande e convulsiona
cada momento uma nova ideia
me consome
me leva pra longe do concreto
nunca tive raiz
meus pés não são no chão
tudo que há é a conexão
entre a cabeça criativa e minhas mãos
lentas demais para fazer tudo aquilo

sou minha matéria prima e me consumo
não é sustentável
como cansa ser artista

pensamentos excessivos me afogam
a impossibilidade da plenitude angustia
andando na corda bamba, eu reflito
na sede do futuro e nos ecos do passado
o presente é um caos bem organizado

desmaio e me amorteço...
me abstraio com a rotina
de tudo que sinto
no equilíbrio não me reconheço
tudo que causa dor me fascina

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