segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Slogans - I


Às vezes passo a noite inteira acordada.
Chega essa hora da manhã e dá vontade de escrever, de rever uns amigos, de ir para a praia, ver o sol de verdade, sem nenhum prédio na frente, e comprar uma raspadinha de qualquer sabor daquelas mulheres de óculos de sol e boné do bradesco.

Praia é sempre igual, não importa o ano.
Sempre tem uma mulher debaixo do guarda-sol, o pai foi dar um mergulho enquanto olha as crianças brincando com seus baldinhos. Ela não se sente tão bonita como as meninas de fio dental, e fecha os olhos.
Sempre tem um grupo de jovens de 20 anos, alguns são casais, outros são surfistas nas férias. Eles estão super a fim de ir na rave que vai ter mais tarde, e souberam que tem um pico lindo que precisam visitar.
E sempre tem aquele tiozão que mora na praia, é divorciado, vai dar uma volta no calçadão e encontra os amigos jogando volei. Eles tomam uma(s) caipirinha(s), reclamam de suas mulheres, fazem piadas e voltam para casa.
Fica tocando axé em algum quisque dos arredores, ou em alguma daquelas estruturas montadas por empresas para divulgação. O chinelo escapa do pé quando o fim da onda chega. Nós pegamos o chinelo e continuamos nosso passeio úmido, balançando o par tranquilamente.
Tudo isso por volta do meio-dia, quando o sol está se impondo.
Então, voltamos todos pra casa, tomamos banho na ducha que fica do lado de fora, almoçamos aquele churrasco, tomamos aquela cerveja e ficamos com sono. Dormimos um pouco e voltamos para a praia. O sol já está mais leve e é momento de andar e conversar bastante. Comentamos como esse lugar é lindo e como gostaríamos de viver aqui. Nos perguntamos se nos próximos anos será possível fazer viagens como essas e esperamos que sim.

Conforme a noite vai chegando, preparamos um lanche, e nos arrumamos para ir ao centrinho ou à festa que estiver rolando mais perto. Compramos pulseiras, brincos e tudo feito de palha, coco e essas coisas inúteis que mal servem para enfeitar.
Na praia fumamos pouco, bebemos muito suco, sorvete e temos a sensação de que estamos mais leves. Se dermos sorte, voltamos até mais magros.
Lá pro fim da viagem, já estamos quase nos matando. Sentimos falta de internet, do nosso cachorro que ficou aos cuidados da vizinha, do domingão do faustão... Alguém passa mal por ter comido uma casquinha de siri suspeita e somos obrigados a voltar antes. Mal cabemos no carro, não queremos nos encostar muito porque estamos "ardidos" nos ombros.

Voltamos negros para São Paulo e quando vemos a marginal congestionada é o paraíso.
"Estamos chegando."
Chegamos em casa, fazemos xixi e ligamos a televisão.
Na semana seguinte comentamos todos os detalhes da viagem, exaustivamente.
Sentimos falta do trabalho, da escola, dos amigos que não foram junto, da nossa vida. Temos uma pilha de roupas cheias de areia, esquecemos o chinelo na casa de praia, começamos a descascar e tudo volta ao normal.

Aí no fim do mês vai ter a comemoração do aniversário da Ana, todo mundo confirmou presença. E presença no Brasil é bradesco. Até no boné da tia da raspadinha.

2 comentários:

Santiago disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Santiago disse...

lindo, lindo, lindo. cada vez mais lindo. sinto falta da nossa parceria poética. vc escreve melhor que eu, assim não vale!